"Nem eu nem ninguém pode viajar essa estrada por você. Você deve atravessá-la sozinho"

Walt Whitman

domingo, 17 de fevereiro de 2013

PROJETO AMÉRICA DO SUL - PARAGUAI

No feriado do carnaval resolvi “remexer” de outra forma. Remexer, no dicionário baianês, pode ser também futucar, vasculhar, buscar ou simplesmente arrumada e rever materiais e/ou objetos que estão desaparecidos ou um pouco desarrumados, como no meu caso, que foram às antigas revistas como exemplos,  “Caminhos da Terra”, “Viaje mais”, “Viagem e Turismo”, “Próxima Viagem”, “National Geographic Brasil”, “Volta ao Mundo”, entre outras. O intuito era procurar algumas atividades para preencher o tempo disponível, mas ou talvez começar a montar uma próxima aventura ou “receber algum chamado”.

Logo que começo a pensar em um próximo roteiro, projeto, em uma nova viagem, eu tenho por hábito ficar atento aos chamados. Não adianta muito os amigos, as agências, as propagandas dizerem que tal lugar é lindo, é isso ou é aquilo, é necessário eu sentir seduzido, receber um certo chamado e ter aquela segurança necessária para abandonar, temporariamente o conforto, e aventurar-se no desconhecido. E foi nessa arrumação que voltei aos meus álbuns, caixas, arquivos, que os chamo de “Alimentos para a Alma” e reencontrar aquela que foi a minha “grande aventura”.





A primeira grande aventura a gente nunca esquece; é verdade, qualquer uma delas. Elas são sempre envolvidas por desafios, enfrentamento dos medos, das inseguranças. No final elas serão sempre lembradas com um gostinho de que “faria novamente”. Já falei por aqui que amo viajar, isso é fato. Sempre fui chegado a pequenos empreendimentos envolvendo viagens e na maioria das vezes sozinho.  Fiz inúmeras viagens aqui no Brasil, pois me sentia seguro, até decidir aventurar por outros países.

Primeiro pesquisei, li e anotei praticamente tudo que encontrava nos jornais e revistas sobre a América do Sul; estava em 1996 e a internet ainda não era tão difundida como hoje em dia.  Pensei na América do Sul porque, de certa maneira, estava “ligado” ao Brasil e poderia viajar de ônibus, que era bem mais econômico. Fiz isso praticamente por um ano, também precisava economizar bastante, já que o meu projeto envolveria alguns meses viajando, não queria nada que fosse algo tipo férias, trinta dias no máximo. Queria viajar até quando o dinheiro permitisse ou saciasse as minhas curiosidades para aquele empreendimento que durou praticamente 80 dias.



Assim, no final de 1996, réveillon de 1997, decidi colocar o projeto em ação. Logo no início do novo ano, cheguei à empresa em que trabalhava em Salvador, Estado da Bahia, e pedir as contas, como se diz no popular. Fiz o acordo em passar todos os serviços para outro colega de trabalho enquanto cumpriria o aviso prévio. Depois de tudo acertado comecei a minha aventura em 23 de fevereiro de 1997. Todas as coisas que precisava estava arrumada em uma mochila de 60 litros; inclusive o dinheiro, distribuídos em alguns lugares. O destino: Foz do Iguaçu.

Comprovante da passagem Salvador - Foz do Iguaçu


Depois de viajar em torno de 52 horas e percorrer praticamente três mil quilômetros chegamos à Foz do Iguaçu. Lógico essa viagem já é uma grande aventura, pois acabamos conhecendo muitos dos passageiros e acreditem, tem alguns deles que retornaram no mesmo dia, no horário noturno, para Salvador; depois de comprarem algumas “muambas” em Cuidad del Este, Paraguai. Peguei algumas dicas dos companheiros de viagem e fiquei hospedado em um pequeno hotel próximo a rodoviária, afinal iria prosseguir viagem para Assunção no outro dia, depois de descansar um pouco mais.

Feita a hospedagem, tomei um banho e fui até Cuidad del Este para comprar algumas coisas, principalmente uma máquina fotográfica, tinha que registrar um pouco dessa viagem; pena que as máquinas digitais ainda não existiam, o negócio era na base dos filmes em cartuchos. Procurei adquirir uma bem barata, simples, que não despertasse a atenção dos olheiros em ação, e alguns filmes de trinta e seis fotos; até nisso tinha que selecionar. Retornei para o hotel para descansar melhor e rever os planejamentos para o próximo dia.


Comprovante do transporte urbano

Comprei a passagem para Assunção logo no primeiro horário, das 06:30 horas, do dia 26 de fevereiro, pois, por experiência, prefiro chegar o mais cedo possível nas cidades que eu não a conheço assim fica mais fácil e com maior tempo disponível para negociar a minha hospedagem.    

Comprovante da Passagem para Assunção

Logo após a passagem da Ponte da Amizade o ônibus chega a Aduana Paraguaia para os devidos registros e autorização da entrada no País (Esse procedimento não é necessário para as rápidas visitas daqueles que vão comprar em Cuidad del Este). Bem, como eu estava com o Passaporte fiz questão de deixar registrado nele o meu acesso de entrada, mas mesmo assim é fornecido outro documento contendo esse registro o qual deverá ser apresentado na saída do País, assim como o carimbo de saída também no passaporte.

Assunção fica a 340 quilômetros da divisa de Foz do Iguaçu, em uma viagem de mais ou menos 6 horas. Logo que desembarquei no Terminal Rodoviário fui procurar o setor de Informações turísticas para colher as primeiras orientações do tipo como: hotéis, câmbio, local para guardar a mochila, etc. Depois de fazer o câmbio para a moeda local e guardar a mochila, foi procurar uma hospedagem, adotei também a preferência de um hotel nas imediações do terminal rodoviário, assim já economizei essa despesa com taxi. 


Comprovante da compra de divisa

Material disponibilizado pelo setor de informação


Comprovantes dos transportes urbanos paraguaio




A cidade não despertou minha atenção, ela é mais voltada para o turismo das compras dos produtos importados, então só registrei a Catedral e fiz pouquíssimos registros do Lago Ypacarai por ser considerado o grande balneário dos paraguaios.


Catedral Metropolitana de Assunção.


Para chegar a San Bernadino, localidade a margens do Lago do Ipacaray, embarguei em um antigo ônibus no próprio terminal rodoviário. Alias a cidade mim surpreendeu também nesse quesito, era uma mistura de modelos de automóveis bem como os variáveis anos de fabricação; circulava novíssimos modelos asiáticos com velhíssimos automóveis, possivelmente, adquiridos em ferro velho. E essa variedade também era vista nas cédulas monetárias, encontrava cédulas de 10 guaranis, por exemplo de diversas estampas. Essa minha impressão foi em 1997, é possível que tenha mudado.







Existem duas localidades as margens do lago, Areguá e San Bernadino, uma oposta a outra. Fiz a opção de San Bernardino pela existência de uma padaria que fornecia um famoso lanche, uma espécie de bolo frito recheado com doces, lembrava o nosso "sonho". 


Vista do Lago do Ypacarai

Padaria "A Alemanha"

Lago Ypacarai

No final da tarde retornei a Assunção encerrando a minha visita a esse país. Comprei a passagem para Buenos Aires no horário das 14:20 horas, do dia 28 de fevereiro, por ser uma viagem de 1.353 km.  


Comprovante da passagem de Assunção para Buenos Aires
28/02/1997