Algumas literaturas retornam a nossa memória ao percorrer o Caminho de Santiago de Compostela, mesmo que elas não estejam diretamente envolvidas com o lendário caminho. Entre elas duas fizeram-me vivenciar as paisagens espanholas descritas naquelas obras.
A primeira obra literária foi o romance “O sol também se levanta” de Ernest Hemingway. Assim que desembarquei em Madri fiz uma conexão para a cidade de Pamplona e ali, as imagens do romance apareceram ao avistar a praça e seus cafés, principalmente o Café Iruña, tão falado no romance, bem como a imensa escultura retratando o “Encierro”, a famosa corrida dos touros na Festa de San Firmin, também contada e vivenciada pelos personagens do romance.
A outra literatura foi o “Dom Quixote” de Miguel de Cervantes, ao ultrapassar o Monte do Perdão e encontrar os modernos moinhos de ventos, e dos sons das imensas paletas cortando o ar, lembrei dos monstros do "homem de la mancha".
O sol também se levanta.
“Considerado pela crítica norte-americana como o primeiro grande romance de Ernest Hemingway (mesmo ele tendo publicado, um ano antes, a novela The Torrents of Spring), O Sol também se levanta, de 1926, é um retrato fiel daquilo que ficou conhecido como Geração Perdida (Lost Generation). O termo foi popularizado pelo próprio Hemingway, que buscava caracterizar uma parcela da população americana que se mostrava descrente quanto ao seu futuro logo após a Primeira Guerra Mundial.” Bernardo Biagioni
Para ler e conhecer mais:
http://viagemerrada.blogspot.com/2009/03/o-sol-tambem-se-levanta-hemingway.html
Trechos do romance “ O sol também se levanta”
[...] Os dois dias seguintes em Pamplona foram calmos. A cidade aprontava-se para as festas. Trabalhadores montavam as vedações que fechariam as ruas transversais, quando os touros fossem largados dos currais e viessem a galope pelas ruas, de manhã, a caminho da arena. Os trabalhadores abriam buracos e metiam estacas, cada uma com o número correspondente ao seu lugar. No planalto, fora da cidade, empregados da praça exercitavam cavalos de picador, fazendo-os galopar curto nos terrenos duros e requeimados do sol, por trás da praça. A grande porta da praça estava aberta, e lá dentro varriam o anfiteatro. A arena estava sendo alisada e borrifada, e carpinteiros substituíam pranchas frouxas ou partidas da barreira. Da beira da areia, finalmente alisada, viam-se os lugares vazios e velhotas varrendo os camarotes.
Cá fora, a vedação que ia da última rua da cidade até à entrada da praça estava já colocada e formava uma extensa fiada, a multidão havia de vir a correr no encalço dos touros, na manhã do dia da primeira tourada.
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