No ano 800, da era cristã, Carlos Magno é coroado imperador do Oriente pelo papa Leão III. O poder real une-se então ao poder papal e o rei franco torna-se o protetor da cristandade, dando-se início a um desenvolvimento cultural mais intenso. Em sua corte surgem as academias literárias e desenvolvem-se oficinas onde são produzidos objetos de arte e manuscritos ilustrados.
Segundo consta, foram a partir dessas oficinas, que se originaram as dos mosteiros, desempenhado importante papel na evolução da arte após o reinado de Carlos Magno. O trabalho nessas oficinas levou os artistas a superarem o estilo ornamental da época das invasões bárbaras e a redescobrirem a tradição cultural e artística do mundo greco-romano, cujos edifícios de Roma, eram fontes de inspirações, dando assim, origem ao estilo que passou a chamar-se românico.
Surgiu no final dos séculos XI e XII, e são nas igrejas que encontramos melhores manifestações desse estilo; elas são sempre grandes e sólidas, daí serem chamadas “Fortalezas de Deus”. As suas formas básicas são facilmente identificáveis, a começar pelas fachadas, que é formada por um corpo cúbico central, com um único portal entre paredes espessas com aberturas estreitas usadas como janelas. Contém geralmente uma ou duas torres de vários pavimentos nas laterais, finalizadas por tetos em coifa. Um ou dois transeptos(1), ladeados por suas fachadas correspondentes, cruzam a nave principal. Os arcos são formados por 180 graus. Frisos de arcada de meio ponto estendem-se sobre a parede, dividindo as plantas (Fotos 02 e 03).
O motivo da arcada também se repete como elemento decorativo de janelas, portais e tímpanos (parte abobadada acima dos portais). Como vivia numa época que poucas pessoas sabiam ler, a Igreja recebia à pintura e à escultura para narrar histórias bíblicas ou comunicar valores religiosos aos fiéis. Um lugar muito usado para isso eram os portais, na entrada do templo. No portal, a área mais ocupada pelas esculturas era o tímpano (Foto 04). As colunas são maciças e culmina em capitéis cúbicos – parte superior das colunas – lavrados com figuras de vegetais e animais. No conjunto dos templos, as formas cúbicas de muros e fachadas se combinam com as cilíndricas, de apses (2) e colunas. Nesse estilo destacam-se a Igreja de San Lorenzo em Sahagún, na província de León e, as Igrejas de San Martin de Tours em Frómista e de Santa Maria La Blanca, em Villalcárzar de Sirga, ambas localidades estão na província de Palência, comunidade autônoma de Castela e León. (Fotos 05 a 08).
Foto 02 - Interior da Igreja em San Juan de Ortega (Exemplo de um único portal)
Foto 03 - Planta baixa da Catedral de Santiago de Compostela (Exemplo do transepto)
Foto 04 - Tímpano da Igreja de Santa Maria la Branca em Villalcázar de Sirga
Embora hoje em dia os resultados dessa abordagem nos pareçam pouco sofisticados, atrasados em relação às aquisições do império romano ou do Oriente em geral, o românico significou em sua época um progresso para a Europa, esgotada e embrutecida por inumeráveis invasões bárbaras que duraram quase cinco séculos. A paz que Carlos Magno impôs na Europa reflete-se nesse estilo, fundamento de toda a cultura que se seguirá a ele.
(1) O transepto é a parte de um edifício de uma ou mais naves que atravessa perpendicularmente o seu corpo principal perto do coro e dá ao edifício a sua planta em cruz. O cruzeiro é a área de intersecção dos dois eixos.
Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Transepto.
http://www.worldlingo.com/ma/enwiki/pt/Apse
PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo: Editora Ática S.A. 1990.
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