"Nem eu nem ninguém pode viajar essa estrada por você. Você deve atravessá-la sozinho"

Walt Whitman

terça-feira, 22 de novembro de 2011

ESPAÇO ABERTO

"Continuação do meu olhar, como não tenho o dom de ser poetisa, envio um poema que fotografei no barco" Joselita Menezes


Poema de J. Antonio D´avila (do livro de poemas Vento Cansado)

Rio São Francisco
Milionário vestido farrapos
Farrapos de velas imensas que arrastam barcaças -
Sonolentas, bem lentas -
Rio acima
Rio abaixo
E no bojo das barcas
Bem lentas
Sonolentas
Vem o peixe seco (surubi), couro de onça e jacaré
Mamona, caroá, maniçoba, "januária", rapadura ...
Vem tanta coisa
tanta riqueza
tanta fartura!
Se você visse então nossos barqueiros
Sertanejos cantando as mais lindas canções
Estrelas rimando com olhar de morenas
Olhar que é estrela nas noites serenas
E as margens do rio de águas caudalosas
Pequeninas cidades com histórias famosas
De congadas, tiroteios,
Ladainhas
Jagunços
E novenas
E amantes que roubam mulheres morenas!
Ah ! Meu rio São Francisco -
O rio mais brasileiro
Que não podendo abraçar inteirinha toda imensa
E bela terra brasileira
Se despedaça
Se suicida
No estrondo de uma cachoeira.

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